quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Tem um portal na janela do meu quarto


Quando digo que há um portal na janela do meu quarto, me refiro àquela vez que pensei que pudesse...
Lá tem um portal, mas tenho medo de me aproximar. Só de pensar, sinto calafrios. No inverno e no verão.
E se chove, fica ainda mais assustador.
Porque do outro lado pode ter o que não gosto. Pode ser mais frio do que aqui...
De repente é melhor do que aqui. Posso não voltar. Posso ficar encantada, com feitiço de pó de lucidez.
E se tudo ficar claro? E se eu não mais puder me enganar, como será?
Já cheguei bem perto dele, é verdade. Sempre chego. Mas a lâmpada do meu delírio nunca acende.
Se a janela ficasse aberta, talvez eu fosse sem querer...
Bom mesmo é ser e não ser; não ir sem ficar.
Lá tem cheiro de susto e cara de portal.
Não posso ver o que eu nunca quis. Essa passagem é minha. Foi aberta num passo a passo confuso de pés inquietos.
Ah se eu pudesse chegar lá.... o conto seria do avesso, com trilha sonora de filme de ficção.

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