sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Quis ser tão diferente que acabou sendo mais um


Parte 1
Pai muçulmano, mãe budista. Nome: Uuka Idi Urbi Ifer Umm Marwan ( e teve Santos, e tem Silva e tem Oliveira). Metade Arábia Saudita, metade África do Sul. Significado: princesa que desperta o amor de uma mãe pura.
Em 29 anos, perdi a conta, de verdade, de quantas vezes falei isso. 
 É diferente? ....  Continue lendo o texto e caia a real rs





Na escola, me encolhia na cadeira cada vez que a sala toda olhava para trás tentando descobrir quem era eu na hora da chamada.
Era tão diferente que mesmo não querendo ser, infalivelmente era! 
Embora não pareça a timidez sempre foi uma excelente companheira na vida.
Aí eu cresci e apendi a disfarçar bem.. rs

Parte 2
"Não quero esse vestido que todo mundo tem, quero um diferente!", "Não sou como todo mundo, sou diferente", "Não quero esse celular, quero um diferente".
 Vamos ao dicionário. DIFERENE: adj m+f (lat differente) 1 Que difere; que não é semelhante. 2 Desigual. 3 Que é diverso; dessemelhante. 4 Alterado, mudado, modificado. 5 Variado. 6 Inexato.

Gostei do 6. Inexato, que é assim como todo mundo é. Pronto! Inexato soa melhor que diferente.
Por si só todo mundo já é diferente e pasme! Desse meu ponto de vista isso te torna igual aos demais porque todo mundo é assim...diferente.
Assim como no caso do meu nome, existem coisas que me fazem ser diferente mesmo que eu não queira ao mesmo tempo que existem coisas que fazem igual a qualquer outra pessoa e não há quase nada que eu possa fazer a respeito.

Parte 3
Aninha é ser humano igual a todo mundo, com sangue igual ao de alguns e diferente de outros; com código genético único. Aninha tem uma história de vida que ninguém tem e ninguém nunca terá e isso sim, a torna diferente dos demais.
Nem os vestidos de Aninha, nem os sapatos, o esmalte ou o xampú, diferem a Aninha da humanidade. Nesse raciocínio, quanto mais coisas palpáveis  Aninha acrescenta ao que ela tinha de diferente quando nasceu, menos ela se difere dos outros. Mas, ela não sabe disso.
O que me intriga é essa busca sem fim por não ser igual. Roupa, sapato, cabelo, telefone... uma hora a lista acaba e aí chega ao ponto de partida outra vez. 

Ando pensando que o que chamam de senso comum ficou amplo demais, vamos recalcular!
Na verdade acho que sempre pensei nisso. Não sei se é bom ou ruim.
A gente tem muita opção, a gente vê muita gente legal  bonita o tempo todo. Ser exclusivo por fora é fácil demais!... ou sera difícil?
Tenho a impressão de que seja uma tentativa de fuga de algo muito óbvio.
Acho incrível quem consegue fazer da diferença algo que permeia e não permeia a vida.
Essa história de ser diferente por dentro até transparecer; de ser tão bonito na forma de viver que a beleza não cabe mais dentro de si e sutilmente sai. 
A beleza passa a ser percebida e não empurrada para fora.
Tem gente bonita demais no mundo, me encanto! Seria capaz de passar a vida toda observando a forma com que essas pessoas constroem a história mais incrível que já se viu, misturando delicadeza com intensidade ( é, acho possível), e contrariando o mundo com naturalidade ao ser diferente.
Destacando-se por si só. Só de acordar, levantar e viver.
Tamanha é a habilidade em abrir caminhos e crescer, que não há espaço pra erro. E, passam um, dois, trinta, cinquenta anos e o encanto só aumenta. Não acaba nunca, só transborda.
E como se não bastasse, ainda conseguem levar beleza por onde passam, deixando as coisas mais leves e mais alegres, sem forçar a barra, sem evidenciar felicidade egoísta.
Tudo passa a ser válido e vira enfeite que decora o caminho todo e, na minha opinião, aí existe beleza.
O resto pra mim é poesia torta, escrita em papel borrado com letras douradas. Sem importância, sem essência. É só superfície.
Talvez exista aí essa coisa de diferença X inexatidão que tanto me martela.