quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dê-me um pouco mais de corda, por favor?!



Acordei, olhei no celular: 6h30; voltei a dormir. Levantei às 8h00: passei por cima do Romer que dormia. Espreguiça, alongamento, preguiça, alongamento, 1, 2, 3, levantei!
Abri a porta do quarto e o Dudamel passou em disparada para o lado de dentro. Dudamel é o gato; Romer o marido.
Em frente ao espelho do banheiro, com a boca cheia de espuma da pasta de dente ardiiiiida, constatei que é meu último dia com 29 anos. Amanhã faço 30 e não sei como vai ser agora, rs.
Não sei se paro de pisar descalça no chão logo cedo ou se continuo limpando o chão do quarto antes de dormir porque parece mania de velha.
Não sei se paro de prestar atenção em mil coisas ao mesmo tempo ou se continuo a passar metade do dia com fones de ouvido porque parece muito adolescente.
Também não sei se paro de dormir com meu velho amigo cachorro de pelúcia ou continuo achando infantil gostar de desenho animado porque é contraditório.
Além disso, não sei se paro de abominar gente sem caráter ou se continuo acreditando na transformação do ser humano porque aí... Opa! Aí já não seria mais eu! Às vezes dá para fazer as duas coisas.
O ser humano é genialmente patético na maioria das vezes, mesmo assim o que mais me inspira na vida é o contato com as pessoas. Nada se compara, nem chega perto! E, fazer 30 para mim significa ter feito muito disso durante esse tempo.
Tive a imensurável boa sorte de ter conhecido, sempre, pessoas incríveis e suas inesquecíveis histórias.
Sem contar os lugares onde pude ir, os encontros, as paisagens e um tanto de experiências que já não cabem numa mão.
Numa mão também já não cabem os 30... nem se juntar os pés! Mas e daí? Livre de tempo e espaço a realidade é outra mesmo, então fazer trinta só significa me aproximar num dia só “meu” das pessoas que tanto me apaixonam.
Precisei de quase trinta anos para me desprender das coisas estáticas, e quando reparei de verdade no tamanho do mundo não deu mais tempo de pensar em rótulos, em quantidade e essas bobagens de saber tal coisa e ter sei lá o que.
Fiquei crítica demais e beirando à acidez, voltei a ser o que sempre fui, e o que é que eu era mesmo?
Ah tá, a moça perdida nos 30 e achada em todo o resto. Aquela lá, do nome estranho, olho grande, pernas finas e voz grossa (que medo! rs) que não mudaria absolutamente nada na vida e ainda afirma: “Não mudaria mesmo, de coração!”.
A filha daquela mulher talentosa e do pai de gênio forte, sabe? Que se sente a pessoa mais sortuda do mundo, sem tirar nem pôr, e que acredita que qualquer outra coisa que a desvie dessa rota não deva fazer parte dela.
Em primeira pessoa, acho que a coisa mais genial da vida é a sua generosidade. Mais genial é enxergar isso com clareza.
Tudo tão simples nesse punhado experiências – num encaixe perfeito daqui de dentro e todo o resto – trinta é só pretexto para estar vivo; bobagem, rs.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Quis ser tão diferente que acabou sendo mais um


Parte 1
Pai muçulmano, mãe budista. Nome: Uuka Idi Urbi Ifer Umm Marwan ( e teve Santos, e tem Silva e tem Oliveira). Metade Arábia Saudita, metade África do Sul. Significado: princesa que desperta o amor de uma mãe pura.
Em 29 anos, perdi a conta, de verdade, de quantas vezes falei isso. 
 É diferente? ....  Continue lendo o texto e caia a real rs





Na escola, me encolhia na cadeira cada vez que a sala toda olhava para trás tentando descobrir quem era eu na hora da chamada.
Era tão diferente que mesmo não querendo ser, infalivelmente era! 
Embora não pareça a timidez sempre foi uma excelente companheira na vida.
Aí eu cresci e apendi a disfarçar bem.. rs

Parte 2
"Não quero esse vestido que todo mundo tem, quero um diferente!", "Não sou como todo mundo, sou diferente", "Não quero esse celular, quero um diferente".
 Vamos ao dicionário. DIFERENE: adj m+f (lat differente) 1 Que difere; que não é semelhante. 2 Desigual. 3 Que é diverso; dessemelhante. 4 Alterado, mudado, modificado. 5 Variado. 6 Inexato.

Gostei do 6. Inexato, que é assim como todo mundo é. Pronto! Inexato soa melhor que diferente.
Por si só todo mundo já é diferente e pasme! Desse meu ponto de vista isso te torna igual aos demais porque todo mundo é assim...diferente.
Assim como no caso do meu nome, existem coisas que me fazem ser diferente mesmo que eu não queira ao mesmo tempo que existem coisas que fazem igual a qualquer outra pessoa e não há quase nada que eu possa fazer a respeito.

Parte 3
Aninha é ser humano igual a todo mundo, com sangue igual ao de alguns e diferente de outros; com código genético único. Aninha tem uma história de vida que ninguém tem e ninguém nunca terá e isso sim, a torna diferente dos demais.
Nem os vestidos de Aninha, nem os sapatos, o esmalte ou o xampú, diferem a Aninha da humanidade. Nesse raciocínio, quanto mais coisas palpáveis  Aninha acrescenta ao que ela tinha de diferente quando nasceu, menos ela se difere dos outros. Mas, ela não sabe disso.
O que me intriga é essa busca sem fim por não ser igual. Roupa, sapato, cabelo, telefone... uma hora a lista acaba e aí chega ao ponto de partida outra vez. 

Ando pensando que o que chamam de senso comum ficou amplo demais, vamos recalcular!
Na verdade acho que sempre pensei nisso. Não sei se é bom ou ruim.
A gente tem muita opção, a gente vê muita gente legal  bonita o tempo todo. Ser exclusivo por fora é fácil demais!... ou sera difícil?
Tenho a impressão de que seja uma tentativa de fuga de algo muito óbvio.
Acho incrível quem consegue fazer da diferença algo que permeia e não permeia a vida.
Essa história de ser diferente por dentro até transparecer; de ser tão bonito na forma de viver que a beleza não cabe mais dentro de si e sutilmente sai. 
A beleza passa a ser percebida e não empurrada para fora.
Tem gente bonita demais no mundo, me encanto! Seria capaz de passar a vida toda observando a forma com que essas pessoas constroem a história mais incrível que já se viu, misturando delicadeza com intensidade ( é, acho possível), e contrariando o mundo com naturalidade ao ser diferente.
Destacando-se por si só. Só de acordar, levantar e viver.
Tamanha é a habilidade em abrir caminhos e crescer, que não há espaço pra erro. E, passam um, dois, trinta, cinquenta anos e o encanto só aumenta. Não acaba nunca, só transborda.
E como se não bastasse, ainda conseguem levar beleza por onde passam, deixando as coisas mais leves e mais alegres, sem forçar a barra, sem evidenciar felicidade egoísta.
Tudo passa a ser válido e vira enfeite que decora o caminho todo e, na minha opinião, aí existe beleza.
O resto pra mim é poesia torta, escrita em papel borrado com letras douradas. Sem importância, sem essência. É só superfície.
Talvez exista aí essa coisa de diferença X inexatidão que tanto me martela.



 
 


 
 



domingo, 5 de janeiro de 2014

É

Do ponto de vista humano, cada coisa tem um sentido único, não levando em consideração nem os princípios, nem a certeza.
Digo o princípio no sentido de crença naquilo em que se concebe piamente como verdade... absoluta, mais do que a verdade pode ser... mais do que se pode imaginar... mais até do que se é, de fato.
Assim, qualquer dúvida que se cria tem peso tão intenso quanto o de uma verdade incrédula, sem princípios ou qualidades sutis daquele mesmo ser humano do início.
Papo sem sentido mesmo é esse que não tem fim nem começo e, no meio faz parecer mentira tudo aquilo que um dia já foi real...
REALIDADE não faz parte do campo dos sentido aliás, briga com eles... logo, cria dúvidas.
Outra vez num ciclo vicioso, saindo e voltando para o mesmo lugar de sempre.
Não tem como começar um livro assim.. não tem como começar uma história assim.
Tem como começar algo que terá fim, que será confuso e doloroso quando puder.
No campo das ideias tudo acontece mais simples, sem engano, sem sentido. Mas, sem sentir sobra o seco, o vazio e exato.
Ser exato quer dizer não ser duvidoso. Ser extao, quer dizer ser simplório?
Simples mesmo é poder dizer, se experssar sem temer, porque o medo é campo dos sentimentos feridos.
Cada peso acaba ocupando um espaço que não era dele e cada espaço que não era dele, agora também não é meu.
Tenha luz, faça sol.. que seja exato o único momento em que se pode ser livre.
Aqui cabe a escrita, cabem as palavras em qualquer metro cúbico de espaço mínimo dos espaços existentes.
Se o espaço não é meu, também não pode ser do espaço. Para existir é preciso estar e para estar, é preciso ter coragem. Abrir mão de si e a porta ao desconhecido.
CONHECIMENTO de que para o que para quem?
Para nada. Se na falta dos sentidos, faz-se dele quase inimigo.
A mente é grande demais e não cabe em qualquer pessoa.
A mente é fria demais e não cabe em qualquer coração; talvez nem combine.
A mente é ampla demais e não cabe em qualquer contexto.
Se a mente fosse menor, os sentidos seriam menos sentimentais; mais exatos; menos humanos.
Ser humano não combina com extatidão porque, ser humano combina mesmo é com complexidade.
É preciso ser complexo para ser humano. Se é redundante eu não sei, só sei que pode ser verdade; a minha e não a sua.
O ser humano é ser tudo isso ao mesmo tempo. É ser exatamente sentimental, sem tirar, nem pôr.

Li num simples traço o tamanho do seu sentido.
Procurava enaltecer a si, enquanto partia tudo ao meio
Exatamente bela, sem tirar, nem pôr.
Exatamente deusa, sem limites, sem feiura
Sem riscos, nem tanto
Sem dividir em um ou dois
ao mesmo tempo dividida em mil
A cabeça é demônio; 
O coração é mãe sem tirar, nem pôr
Se for verdade é puro
Se for verdadeiro é eterno
do primeiro ao último tom
Sem tirar, nem pôr é vida e morte
amor e dor